Um caso de racismo durante uma partida de futebol no Paraná gerou nova movimentação judicial após a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR) que puniu a vítima do episódio com suspensão maior que a aplicada ao agressor. Indignado com o resultado, o advogado Dr. Marcelo Amil, de Manaus (AM), protocolou uma Notícia de Infração Disciplinar contra o atleta Diego Gustavo Rodrigues de Lima, que insultou racialmente o jogador Paulo Vitor Roberto Silva de Oliveira, chamando-o de "macaco".
O episódio ocorreu no dia 4 de outubro de 2025, na partida entre Guarapuava Batel e Nacional, pela Taça FPF. Após ser vítima da ofensa racial, Paulo Vitor reagiu com um soco no agressor, o que resultou em sua expulsão do jogo. O árbitro acionou o protocolo antirracismo, e a partida foi interrompida por cerca de 20 minutos.
Na decisão do TJD-PR, Paulo Vitor foi suspenso por dez jogos - pela reação física e também por ter sido acusado de cuspir no adversário -, enquanto Diego Gustavo recebeu suspensão de sete partidas pelo crime de racismo. A diferença nas punições causou revolta no jogador agredido, que declarou publicamente: "Meu sentimento já era de impotência, agora ainda mais. Não me senti amparado e queria entender realmente essa sentença de pegar mais jogos do que quem cometeu o crime".
O advogado Dr. Marcelo Amil, ao protocolar a nova notícia de infração, argumenta que o caso anterior julgado pelo TJD-PR (processo nº 1260/2025) baseou-se no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), enquanto a nova notícia se fundamenta no artigo 243-F, que trata especificamente de ofensas à honra. O documento destaca que as duas infrações podem ser analisadas em concurso material, permitindo nova apreciação do caso.

A petição pede a conversão da notícia em denúncia e a aplicação de pena de suspensão de seis partidas e multa de R$ 50 mil ao atleta acusado pelo crime racial. O advogado enfatiza em seu documento: "A sanção deve conter em si o fator pedagógico com potencial para inibir novas condutas similares. Falando a grosso modo, a pena deve fazer qualquer racista pensar três vezes antes de externar seu racismo em campo".
O caso ganhou ampla repercussão nacional, com cobertura de veículos como G1, UOL, Metrópoles e Terra, onde Paulo Vitor relatou ter se sentido "impotente" com a agressão racial. Desde o episódio, Diego Gustavo teve seu contrato rescindido com o Batel de Guarapuava.
A Procuradoria do TJD/PR agora analisará a admissibilidade da nova notícia de infração, que busca corrigir o que o advogado caracteriza como uma distorção na aplicação da justiça desportiva, onde a vítima de racismo acabou recebendo punição mais severa que o agressor.