O movimento Revolução Solidária, tendência interna do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) que tem como maior figura o deputado Guilherme Boulos, comunicou oficialmente sua discordância com a resolução da Conferência Eleitoral do partido, que decidiu pela candidatura de Natália Demes nas próximas eleições municipais. A carta dirigida ao diretório municipal do PSOL ressalta a importância da unidade das forças progressistas na capital amazonense para enfrentar o avanço da extrema-direita.
O PSOL, por sua estrutura organizativa, permite que seus filiados se agrupem em tendências para melhor expressar suas ideias coletivas. Apesar da ausência de um centralismo democrático rígido, muitas tendências internas adotam esse princípio como regramento, resultando em tentativas de imposição de decisões preliminares como consolidadas.
Direito ao Dissenso
A Revolução Solidária recorreu ao Art. 10. L- d) do estatuto partidário para embasar sua posição. Este artigo garante aos filiados o direito de divergir de qualquer orientação política dos órgãos partidários, assegurando um espaço amplo e absoluto para dissentir, criticar e debater.
"Acreditamos que não é um absurdo filiados manifestarem seu descontentamento com decisões que lhes desagradam", afirma a carta. "Para nós, o diálogo é fundamental para solucionar as divergências."
Proposta de Unidade
Apesar de adotar o centralismo democrático como princípio organizativo, a Revolução Solidária destaca a importância do consenso progressivo para garantir a fluidez das ideias e a unidade nas ações. A tendência reafirma sua proposta de resolução pela união entre as federações PSOL/REDE e PT/PV/PCdoB, como estratégia crucial para derrotar a extrema-direita em Manaus.
A Revolução Solidária acredita que uma segunda candidatura majoritária no campo da esquerda apenas fomentaria o divisionismo e poderia resultar em uma votação insignificante, prejudicando, inclusive, o desempenho das candidaturas proporcionais do PSOL.
No início deste ano, a tendência Revolução Solidária do PSOL apresentou o radialista Tomaz Barbosa como pré-candidato à prefeitura de Manaus. No entanto, a campanha de Barbosa não ganhou grande tração, com o radialista fazendo poucas aparições públicas e concedendo algumas entrevistas esporádicas.
Surpreendentemente, Barbosa parabenizou Natália Demes quando ela foi indicada como a candidata oficial do partido, apesar da conferência que a escolheu ter sido alvo de contestação interna.
Isolamento e Controvérsias Marcam a Trajetória de Natália Demes no PSOL Manaus
Natália Demes, uma das pré-candidatas pelo PSOL Manaus, enfrenta um crescente isolamento dentro do partido, agravado por questionamentos sobre sua legitimidade e representações éticas que ameaçam sua posição política. O grupo liderado por Demes está cada vez mais afastado das outras tendências do PSOL, que criticam tanto sua nomeação quanto seu histórico empresarial.
A decisão que escolheu Natália Demes como pré-candidata tem sido amplamente contestada dentro do PSOL. Diversas tendências internas questionam a legitimidade dessa escolha, apontando para uma falta de consenso e transparência no processo. Esse ceticismo em torno de sua candidatura tem contribuído significativamente para o isolamento de Demes, que vê seu grupo perder apoio e influência dentro do partido.
Controvérsias Empresariais
Além das disputas internas, Natália Demes enfrenta graves acusações que envolvem sua vida profissional. Ela é alvo de representações no conselho de ética do PSOL por seu envolvimento com uma empresa acusada de desviar quase um milhão de reais destinados à reforma de uma escola no interior do estado.
Leia a íntegra da nota.
Camaradas do PSOL Manaus,
O PSOL é um partido plural. Na sua organização interna, é permitido que os filiados e
filiadas se agrupem em tendências para melhor expressar suas ideias coletivas. Portanto, o PSOL não adota o centralismo democrático, como regra impositiva.
Partindo desse princípio organizativo do partido, entendemos as manifestações de cada tendência, pois, embora o PSOL seja plural, as forças internas, na sua maioria, adotam o princípio do centralismo democrático como regramento interno. Assim, é natural que nos momentos de decisões relevantes, as e os camaradas, tentem impor o cumprimento de decisões preliminares, como decisão consolidada.
Nesse sentido, recorremos ao Art. 10. L- d) do estatuto partidário que permite os filiados e filiadas DISSENTIR de decisões das instâncias partidária: ...”d) divergir de qualquer orientação política dos órgãos partidários aos quais pertença ou não, sendo garantido o mais amplo e absoluto direito a dissentir, criticar e debater nos órgãos aos quais pertença e através dos órgãos de comunicação internos do Partido;”
Dessa forma, não podemos achar que é um absurdo, filadas/os manifestarem seu descontentamento com decisões das instâncias do partido que lhes desagradam.
A Revolução Solidária, embora adote o centralismo democrático como princípio organizativo, sempre pauta suas decisões e encaminhamentos através do consenso progressivo. Esse método, permite a fluidez natural das ideias, evita tensões, qualifica as decisões e o que é melhor, garante a unidade nas ações.
Para nós, o diálogo é fundamental para solucionar as divergências.
Dessa forma, estamos comunicando ao diretório municipal do PSOL Manaus, que vamos dissentir da resolução da Conferência Eleitoral do partido que optou pela tática de candidatura própria.
Nós da Revolução Solidária Amazonas, reiteramos a nossa proposta de resolução, por entendermos que a unidade da Federação PSOL/REDE com a Federação PT/PV/PCdoB, é fundamental para derrotar o projeto da extrema-direita que tenta prosperar em Manaus.
Sem entrar no mérito da pré-candidatura definida majoritariamente na Conferência Eleitoral, fato que trataremos em manifestação específica, entendemos que uma segunda candidatura majoritária no campo da esquerda, apenas causa divisionismo e, além da real possibilidade de uma votação insignificante, atrapalha o desempenho da votação das candidaturas proporcionais do PSOL em Manaus.
Assim, chamamos os filiados e filiadas do PSOL em Manaus, para unir força na garantia da unidade da esquerda na capital amazonense, apoiando uma candidatura com densidade eleitoral que em eleição passada, já disputou um segundo turno com o então prefeito Arthur Neto e atualmente tem a real possibilidade disputar com chances de vitória a prefeitura, além ajudar na votação das candidaturas proporcionais do PSOL.
Manaus, 18 de julho de 2024.
REVOLUÇÃO SOLIDÁRIA
Coordenação - Amazonas
Por: Perfil Politíco